O velho e desgastado Protecionismo

O governo anunciou ontem a elevação do Imposto de Importação para 100 tipos de produtos, que deverá entrar em vigor ainda esse mês, lista essa que ainda poderá ser aumentada para 200, a qual abarcará bens de capital, medicamentos, petroquímica, siderurgia, etc.

Tal medida tem como destaque o velho slogan de proteção da indústria nacional. O ministro Guido Mantega ainda salientou que haverá uma monitoração assídua sobre os preços dos produtos internos, para que não haja elevação dos preços com a falta de competitividade dos produtos importados.

Tal medida não causou entusiasmo, pelo contrário foi criticada por analistas econômicos como paliativa e é mais uma confirmação que a equipe econômica do governo não possui um plano sólido e definido para enfrentar a crise mundial que está chegando a galope. Estão disparando para todo lado sem saber onde está o alvo.

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) não apresentou nenhum elogio, e para o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero a medida é paliativa, protecionista e não ataca a fundo a crise da desindustrialização nacional.

Não obstante o alerta de Guido Mantega quanto à “monitoração” dos preços e a ameaça de voltar atrás caso isso aconteça, é consenso que essa prática não funciona, tal a amplitude de nossa economia. Haverá inflação sem dúvida, pois os economistas estão “carecas” de saber que isso é uma constante histórica.

E com um agravante a mais, grande porcentagem dos produtos nacionais possue diversos itens de sua matéria prima importados e que sofrerão elevação das taxas alfandegárias; como impedir a elevação dos preços nesses casos? E a tal monitoração como vai funcionar na prática para impedir a inflação dos produtos domésticos, com uma lista tão grande de materiais taxados?

É a primeira vez, desde os governos Lula, que nossos caciques da política econômica são testados em sua eficiência, salvo o interlúdio de 2008, que além de menor intensidade, foi resolvido facilmente com o aumento do credito interno.

Agora a história é outra, é hora de mostrar que nossa política econômica tem rumo e que todo o milagre dos últimos anos não foi apenas uma feliz benesse com que fomos bridados, em consequência da falência do modelo econômico americano e europeu.