Temper tantrum

Após a casa fechada por 16 dias e tantas horas, tempo esse cronometrado pela CNN em  dramáticas frações de segundo, vimos o grande show de reabertura do poderoso circo americano, agora sob a mesma direção…

É verdade que nenhum cidadão comum, vivendo sua vidinha anônima, notou alguma diferença nesses seus dezesseis dia-a-dias, tão iguais como tem sido desde sempre: cortam-se custos nas folhas de pagamento, na forma de demissões dos maiores de oitenta sem vida própria senão aquela sentada naquela mesa das nove às cinco, entre o paletó e o teclado antitendinite, e não se repõem as vagas daqueles aventureiros que se dispõem, aos setenta, a realizar suas ‘bucket lists” por esse mundão afora.

Na vida pública, como na privada – sem intenção de parodiar o Faustão – a regra básica é a mesma.

Afinal, urge não fomentar demais a distribuição de cartões vermelhos, sob pena de se ver cairem as vendas de bugigangas pra quem já tem o essencial – os quais, sem emprego, curam-se milagrosamente do mal do consumidor compulsivo – ao mesmo tempo em que despenca a arrecadação do dízimo que sustenta gregos e troianos – ou Democratas e Republicanos –  coisa impensável e inadmissível.

O termo “Temper tantrum” em inglês equivale ao nosso chilique, faniquito ou fricote (aliás, dizem que o termo fricote deriva do inglês “freak out”, que literalmente quer dizer “ter um troço” no tupiniquim erudito).

Mais comuns em infantes, caracteriza-se por teimosia, choro, gritos, desafios e provocações em geral, seguidas de mordidas com dentes de leite afiadíssimos e aterrorizantes.

Foi o que mais se viu nos eminentes politicos do Tio Sam, nesses dias em que a Casa Branca alegadamente fechou – pelo menos nos parques e museus – enquanto a turba ensandecida do Congresso tentava se promover junto aos seus respectivos eleitores.

A meu ver, essa pausa para a promoção especial do Executivo e do Legislativo – sob a vênia silenciosa do terceiro poder – junto ao eleitorado americano foi o verdadeiro motivo da ruidosa celeuma.

Com o soar do gongo às vésperas do  catastrófico 17 de outubro, jogaram-se as toalhas e acordou-se com o adiamento da pelada.

Se nada mais extraordinário acontecer até lá, poderemos ver o circo voltar triunfante – pegando fogo – no início do próximo ano…