TEMER, REFÉM DA CORRUPÇÃO

A palavra corrupção vem do latim, do verbo corrumpere. O significado
originário da palavra é o de estragar, decompor. Na filosofia aristotélica é
uma das espécies de movimento que levam à destruição da substância. Políbio,
tratando dos modos pelos quais os regimes políticos mudam e, por isso,
alteram a sua substância por obra do movimento da corrupção, recorre a uma
metáfora esclarecedora. Indica que a corrupção, nos regimes políticos,
exerce papel semelhante ao da ferrugem em relação ao ferro ou ao dos cupins
em relação à madeira: é um agente de decomposição da substância das
instituições públicas. Muitos leitores, aturdidos com a extensão do lodaçal
que se vislumbra na onda de corrupção reiteradamente denunciada pela
imprensa, manifestam profundo desalento. “Não vai acontecer nada. Os
bandidos não vão ficar na cadeia, mas sim, no comando do Brasil.” É
tremendo, pois reflete o sentimento de muita gente. O governo Temer,
sustentado por uma coligação pragmática que foi concebida por seus
antecessores, é, rigorosamente, refém do crime organizado, o ex-ministro
Gedel Vieira Lima (PMDB-BA) que o diga. Mensalão e Petrolão foram o
primeiro lance, representam o pulo do gato, a Meca, o caminho das pedras da
corrupção, do corrupto e do corruptor. O presidente Temer vem sendo
fustigado por escândalos que brotam como cogumelos, e o que os brasileiros
esperavam de seu presidente era o apoio ao essencial, e não escândalos. Mas
não é o que ocorre, sempre em nome da governabilidade, e é exatamente isso
que é preciso romper. A política é a arte da negociação, mas não pode ser a
ferramenta da bandidagem. O que você, amigo leitor, pode fazer para
contribuir para a urgente e necessária ruptura do sistema de privatização do
dinheiro público que se enraizou nas entranhas da República? Em primeiro
lugar, pressionar as autoridades. O Supremo Tribunal Federal, por exemplo,
deve sentir o clamor da sociedade. Não podemos mais tolerar que o Brasil
seja um país que discrimina os seus cidadãos. Pobre vai para a cadeia.
Poderoso não só não é punido, como invoca presunção de inocência, submerge
estrategicamente, cai no esquecimento e volta para roubar mais. Temos que
romper com a velha forma de fazer política, com os balcões de negócio, com
público virando privado. Quanto a Temer, decepciona, é mais um pouco do
mesmo, caso não mude cairá.

1 comentário

  1. Miriam Barreto

    Professor, se esse seu artigo fosse escrito hoje, 08/12/16, após o colapso do STF, como seria?
    O povo que já está cansado, desiludido, presenciou uma das mais vergonhosas cenas dos últimos tempos: o STF se acovardando perante um dos maiores criminosos do Brasil.

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