A retração dos investimentos industriais

Após a desanimadora, mas esperada notícia do fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,2% no primeiro trimestre desse ano, o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) adiantou que as empresas vão investir R$ 35 bilhões a menos no setor industrial, entre 2012 e 2015.

O Brasil deve apresentar R$ 579 bilhões em investimentos em 8 segmentos industriais no período 2012-15, o que equivale a 6% a menos do que o período anterior (estadão.com.br).

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) tem a mesma opinião, e com base em um levantamento que fez com 1.202 empresas, destaca que a quantidade de investimentos em máquinas e equipamentos será 11% menor esse ano em relação a 2011.

Não é de hoje que produzir no Brasil é muito mais caro do que na maioria dos países, e os motivos já são sobejamente conhecidos de todos e diariamente mencionados na mídia por especialistas, que se referem pelo termo genérico de “Custo Brasil”.

Muitas empresas estão desistindo de manter algumas plantas em operação, a indústria de alumínio primário já encerrou as atividades de duas fábricas recentemente e estuda parar mais uma. O mesmo está acontecendo com os fabricantes de vidros que preferem desligar seus fornos, pelos altos custos da energia elétrica ou do gás natural, devido à concorrência com os produtos importados.

Considerando o período de 2006 ao primeiro semestre de 2011, o custo da eletricidade para o setor industrial subiu 76%, ou seja, de US$ 42 para US$ 74 o megawatt/hora (MWh), sendo que causa indignação o fato da média mundial estar em torno de US$ 40.

Acresça-se que dos 14 segmentos pesquisados pela Fiesp, 11 reduzirão seus investimentos em 2012. Se por um lado a indústria está ociosa pela falta de demanda no mercado externo, fruto da crise global, por outro, não possui condições de competir com os produtos importados.

Apesar da participação da indústria ter apresentado uma discreta elevação nos míseros 0,2% do PIB do primeiro trimestre, isso é facilmente explicável pela desova da indústria automobilística, em função dos recentes incentivos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre os investimentos caíram 1,8% em relação ao quarto trimestre de 2011, e em abril o consumo de máquinas caiu 6% comparado com março desse ano.

Como já manifestamos nesse Blog em 03/04/12, estamos vivenciando um processo de desindustrialização, que significa a redução da participação da indústria no PIB.

No final do regime militar a indústria chegou a representar 48% do PIB, 28% às vésperas do Plano Real, 30% na passagem do governo a Lula e 26% no início do governo Dilma.