Pra ficar grilado…

O paladar ocidental com certeza já se estabeleceu ao seu próprio gosto.

Comer inseto? Eca! Só se for naqueles programas da TV que abordam sobrevivência na selva – com ou sem roupa – e comida bizarra.

Na vida real, não é coisa fácil de engolir, mesmo diante da insistência dos cientistas de que os hexápodes são uma fantástica e sustentável fonte de proteínas, boa para o ambiente e pra toda a gente…

Apesar dos hábitos insetívoros de muitas culturas orientais, dos mandruvás devorados em alguns países africanos e dos “chapulines” (gafanhotos) no vizinho México, os glutões americanos ainda sucumbem à repulsa de comer insetos.

– “Até agora!” – garantem três recém-graduados de Harvard que fundaram a empresa Six Foods há apenas alguns meses.

A estrela principal é o “Chirps Chips” (algo como “salgadinhos cricrilantes”), feito com grilo seco moído.

– “Descobrimos que as pessoas não comeriam um grilo em sua forma original, mas seco e transformado em pó desce bem!” – explica um dos criadores da empresa.

Assim, juntamente com o chef da Sofra Bakery & Cafe em Cambridge, Massachusetts, desenvolveram a iguaria, experimentando várias receitas até chegarem ao salgadinho definitivo; moendo e juntando grilo seco, feijão preto, feijão roxinho e arroz.

– “Tem o mesmo gosto de ‘tortilla chips” com uma pitadinha de feijão, acrescido do sabor de castanha do grilo! E tem 3 vezes mais proteína, metade da gordura do salgadinho de batata e não tem glúten!” – declara empolgada outra fundadora.

Realmente, o grilo é considerado um superalimento – que o diga a tarântula! – porque, quando desidratado, é 70% proteína, tem baixo teor de gordura e é pleno de vitaminas e sais minerais.

Para o bem do ambiente e da sustentabilidade, gastam-se 16 mil litros de água pra produzir 1 quilo de picanha, mas apenas 8 litros para o mesmo quilo de filé de grilo.

Quanto ao gosto, 80% dos países e 1/3 da população mundial já comem insetos.

Portanto, é bem provável que seja uma delícia – e o pulo do gato dos produtores de alimentos!

E – pensando em expansão – de acordo com alguns amigos asiáticos, a larva do caruncho dos grãos dá um excelente torresminho…

Resolvem-se, de uma fritada só, a praga da fome e a praga propriamente dita!

No Brasil, tenho certeza de que o pessoal dos confins do interior, que já come o omelete da bundinha de içá frita pela sua proteína, vai gostar da novidade.