Pibão ou pibinho?

Ora (digamos), os indices!

Em se tratando do crescimento da economia no Brasil em 2012, tenho percebido que cada um que conta o conto diminui um ponto, pro sufoco do Mantega…

Faz-se as projeções econômicas como se fossem apostas do jogo do bicho, e depois se esparrama explicações “óbvias” sobre porque deu a zebra ao invés do papagaio!

Sem contar, contando, que o corrente relatório trimestral sobre o comportamento do PIB pode alterar, digo, rever os números do anterior – “pô, logo agora que eu consegui aceitar, mesmo sem entender muito bem, as explicações sobre aqueles resultados ruins do primeiro trimestre?

Assim, decidi ir direto à fonte: o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o famigerado IBGE. Não sem antes imaginar a enorme pressão psicológica pela qual deve estar passando o pessoal que colige os dados…

Depois de exaustiva gincana cibernética em busca de informação, concluí que a versão em inglês se adequa, ironicamente, melhor aos leigos em economia – grupo muito maior do que é suposto, e do qual até hoje não consegui sair! – em termos de facilidade de se chegar ao que se procura e objetividade na divulgação dos detalhes, até porque a maior parte de tais detalhes está “temporariamente” em português, o que valoriza a nossa língua, forçando gringo curioso e enxerido a aprendê-la.

Observa-se, nas tabelas e nos discorrimentos que as acompanham, o que todo mundo tem divulgado com mais ou menos detalhes – ou com diferentes interpretações! –  ou seja, as variações percentuais positivas ou negativas nos diversos setores que compõem a atividade econômica no Brasil em valores de mercado.

A mim, o que chama a atenção é a tendência vertiginosamente declinante da variação anualizada (em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores) do PIB: no segundo trimestre de 2011 houve um crescimento anual de 4,9%; no terceiro, 3,9%; no quarto, 2,7%; no primeiro trimestre de 2012, 1,9%; e agora, no segundo trimestre de 2012, o crescimento anual de 1,2%.

Tal curva descendente, mesmo submetida à projeção de examinando do Enem, dificilmente mostrará a taxa de variação positiva de 2% para 2012, estimada pelos especialistas – e muito menos a de 3% teimosamente mantida pelo Executivo.

Já se nota indícios de tentação política, na área econômica, de mudar o foco de atenção para um fantástico crescimento do PIB em 2013, porque, se o fraco desempenho global da economia brasileira insistir em sua rota kamikaze de se aproximar do zero – ou até mesmo de se revelar negativo, pelo contágio do setor industrial em recessão – neste ano, buscar a bonança no próximo – e a redenção! – ainda que por doping, será muito mais fácil.

A não ser que o governo faça crescer já, corajosamente e sem retórica, o item eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, única atividade com alguma variação positiva no setor industrial, ainda bastante inexplorada no Brasil e de imenso potencial, mesmo que seja somente pelo enorme dividendo social, pelo emprego, e pela abolição da lamparina e aposentadoria do lampião…

Nesse disse-que-disse do índice, importa mais – muito mais! – ao cidadão comum o que acontece entre a sua capacidade de aprender, e produzir, e o que a escola ensina…

Entre a fila do emprego e a contratação – e entre o extrato de pagamento e o depósito líquido na sua conta!…

Entre o ilusivo teste do concurso público e o paletó na cadeira vazia…

Entre o supermercado, ou a venda, e a mesa do jantar, passando pela cozinha e o fogão elétrico, a gás ou a lenha…

Entre o shopping e o guarda-roupa, passando pelo posto de gasolina ou pelo sistema integrado, apinhado e sem-vergonha de metrô e ônibus…

Entre o consultório médico e a farmácia…

Entre o sonho do imóvel próprio e a conversa com o gerente do banco…

Entre a ida ao trabalho, ou ao passeio, e a volta à casa, passando pelas ruas engarrafadas, esburacadas e violentas, tanto quanto as calçadas…

Entre os folhetos dos programas Bolsa-família, ou Minha casa-minha vida, e o bolso, a família, a casa e a vida…