A MALANDRAGEM NO BRASIL

A vida em sociedade exige algum grau de confiança nas pessoas e nas instituições. Um alto grau de confiança facilita, melhora e torna mais fácil a vida em sociedade. Por outro lado, um baixo grau de confiança exige que as pessoas se defendam e se preparem para ações nocivas e prejudiciais por parte de outras pessoas. Para que se alcance um alto grau de confiança é preciso que a verdade prevaleça nas relações humanas.

A verdade é o caminho para a criação da confiança. A crença ou confiança no respeito a palavra empenhada e, portanto, no cumprimento de contratos sociais ou   particulares, implícitos ou explícito são a base da vida em sociedade. Sem isso vigoraria a lei das selvas ou a lei do mais forte. De outra parte, lembrando que o progresso econômico é fruto do investimento e que o investimento é uma aposta no futuro, que não é conhecido, pode-se constatar a enorme importância do clima de confiança para a economia de um país. Havendo este clima de confiança, alguém metido a esperto ou malandro pode querer se aproveitar e tirar vantagem da “boa-fé” alheia.

A curto prazo e individualmente, ele pode beneficiar-se. Ocorre que outros, vendo este comportamento, são estimulados a também procurar ser espertos ou malandros e, com isso, todo o clima de confiança desaparece, prejudicando toda a sociedade, e, portanto, acabando com a eventual vantagem do primeiro malandro. Para que este último recupere a vantagem inicial ele vai precisar ser mais malandro, mais esperto que os demais. Com isso, haverá reação de outros, iniciando uma acirrada competição de malandragem.

Infelizmente, o Brasil está em pleno campeonato de esperteza. Nos últimos anos a mentira se tornou um valor social com grande valor e quase um direito reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal. Deputados mentem seguidamente e são absolvidos. Testemunhas mentem amparadas por liminares. O povo perplexo assiste a tudo sem conseguir distinguir, por causa de tanta mentira, o que é falso e o que é verdadeiro. O País precisa de pessoas comprometidas com valores éticos, capazes de resistir ao canto da sereia das vantagens imediatas e de liderar a reconstrução de um clima de confiança baseado na força da verdade.