O ESTADO ESCULHAMBADO

O aparelhamento de estado dos dias de hoje, onde o governo transforma a
máquina pública em particular, coloca o Brasil no rumo do fascismo. A
Argentina vem seguindo esses passos com competência, a Venezuela com louvor
e Cuba pousa como a escola dos acéfalos que crêem na utopia do socialismo,
que quando empregado por imbecis desvia ao fascismo de Benito Mussolini. O
resultado dessa caminhada está nos noticiários. Os correios assumindo papel
gratuito de divulgador da campanha da presidente, a usina de Pasadena
superfaturada, a Petrobras destruída virando casa da “Mãe Joana”, o controle
da imprensa como meta de governo, marginais fazendo ameaças ao estado,
militares subjugados e colocados de lado, forças policiais patrulhadas por
interesses eleitoreiros, educação sendo posta no lixo. A esta altura os
cidadãos brasileiros se perguntam como pode um país se desenvolver com base
na tão disseminada cultura das transgressões. Isso mesmo, cultura das
transgressões – expressão, que, no nosso entender, designa de forma clara o
conjunto de idéias e atitudes que não respeitam a ética, pondo o interesse
pessoal acima do interesse coletivo e das leis. Se queremos mudar essa
cultura, precisamos todos entender que o único caminho para chegarmos a um
Brasil desenvolvido econômica e socialmente é o do respeito às leis. Já
passamos por momentos históricos em que parecia que os brasileiros iam
perceber o prejuízo generalizado que a corrupção causa. Chegamos até a
aprovar o impeachment de um presidente da República, numa onda de civismo
que parecia estar nos levando a uma nova nação, de cidadãos conscientes e
éticos. Há tempos dizemos que a crise no Brasil não é econômica. É social,
não há dúvida. Mas, mais do que tudo, é uma crise moral. As discussões
chegaram ao Poder Judiciário, que, por definição, deveria estar acima e à
distância de qualquer suspeita de irregularidade ou malversação. As
divergências entre a corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, e alguns
integrantes do Judiciário são impensáveis em qualquer país que preze a
imaculabilidade de seus juízes. Com um PIB de cerca de R$ 4,0 trilhões, o
Brasil deveria ter um atendimento à saúde decente, uma educação pública
exemplar, aeroportos exemplares, sem falar em ferrovias e rodovias – estas
mostram como parcerias podem ter bons resultados, já que as rodovias
concedidas à iniciativa privada são as melhores do País. A corrupção não
deve ser tolerada em nenhum nível. É impossível aceitar esse fingir que as
leis são cumpridas, pois isso envenena as entranhas da sociedade e provoca,
lentamente, sua destruição.É o momento histórico de construir uma sociedade
em que o caminho seja impérvio para a corrupção. É o momento perfeito para
pensarmos coletivamente em como construir uma sociedade da qual todos nos
possamos orgulhar * Carlos Henrique Pellegrini é professor universitário e
Diretor de Gestão e Sucessão da Maxirecur Consulting,
pellegrini@maxirecur.com.br

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