EDUCAÇÃO FALINDO

A CNNB diz que o Bolsa-Família vicia. O governo diz que não. Eis ai o novo
debate sobre “tóxicos e dependência”. Os dois lados precisam ser corrigidos
nas afirmações que fazem. É que o programa do Bolsa-Família não vicia o
povo, mas o governo. O populismo não vicia quem recebe, vicia quem dá. Esse
tipo de política social descabelada gera bolas de neve. Quando optamos por
dar as coisas de mão beijada, temos de perceber de quem recebeu pode muito
bem não entender para que, de fato, recebeu o que foi dado. E quem deu, com
o tempo, esquece para que foi feito o esforço inicial. As conseqüências
dessa forma arcaica de fazer política aparecem cedo ou tarde e atingem todos
os setores sociais do Estado. Elas já estão encadeadas para surgirem no
âmbito da educação. Quando chegarem, terão a cama preparada. Estamos
assistindo à piora do ensino na maioria das universidades, de modo mais
acentuado a partir de 2004. Afinal, para que as universidades vão querer
formar gente realmente qualificada? Sim, pois o estudante do ensino
fundamental gerado pelos programas do tipo Bolsa-Família, do modo como este
está sendo feito, não será boa coisa – sabemos bem. Então, é necessário
preparar o ensino superior para receber tal estudante. O que a falta disso
implica? “Povo despreparado, da forma que provavelmente o governo Dilma
deseja. Tudo no pior estilo do velho Mobral da ditadura militar. Não poderia
ser de outra forma, pois as crianças do programa Bolsa-Família logo estarão
crescidas. Tais crianças estão apenas sendo usadas pelas famílias para obter
a esmola. Não há nenhum programa pedagógico especial para elas. Continuarão
sendo desconsideradas enquanto estudantes e, ao final, sua escolaridade não
lhes dará nada, em termos de conhecimento, além do que eles já teriam.
Todavia, terão um diploma. Legalmente, serão candidatas ao ensino superior.
Então, vão precisar se titular no âmbito de um ensino superior facilitado, o
único que conseguiriam levar adiante. Assim, tudo se encaixa. Burrice, para
não precisar construir grandes discursos. Nunca obtive bons frutos de
caminhos desimpedidos e simples. O Governo Dilma deve dedicar-se a construir
bases sólidas no ensino fundamental. De cara colocar as crianças nas salas
de aula, impedindo sua evasão. Num segundo momento, deve calcar o ensino
médio nos cursos técnicos, historicamente base do progresso de muitos
países. A universidade é importante à medida que cuida da produção
científica e não da produção de diplomas, ou de políticas esdrúxulas
travestidas de políticas sociais. Mas o errado se faz porque a política
desse governo consiste em nivelar por baixo, por exemplo, distribuindo
diplomas universitários a todos, independentemente das quimeras que
colocarão no mercado, que para este governo está de bom tamanho.