O desaquecimento de nossa economia

Apesar dos inúmeros alertas feitos por especialistas e agências internacionais, as medidas tomadas pelo governo brasileiro em relação à crise econômica mundial, principalmente a da União Europeia (EU), que chegou rápida e violenta, soprada pelos ventos do atlântico, não surtiram o resultado esperado.

O consumo não respondeu aos incentivos e à queda dos juros, com os cortes da Selic, e as vendas no varejo caíram em maio 0,8% em relação a abril, com o detalhe negativo de ser o maior retrocesso desde 2008.

Os dados divulgados quarta feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chocaram o empresariado.

As causas principais já foram exaustivamente comentadas na imprensa e nessa coluna. Com o alto endividamento da população não adianta continuar batendo na mesma tecla, que deu certo no início da crise em 2008, com um cenário totalmente inverso; e hoje o problema se foca na falta de investimento.

A situação é muito mais difícil agora porque o investimento tanto público como privado não se resolve no papel e exige muito mais planejamento e garantias, principalmente no que tange ao privado.

Como disse o ex-ministro Delfim Netto, não adianta apelar para o espírito animal do empresário brasileiro, se esse não consegue ver à frente o retorno de seu investimento, e sim a ameaça do Custo Brasil. Essa retórica não funciona e não vai mudar o estado das coisas.

Os fatos estão patentes, o calote do consumidor aumentou 19,1% no primeiro semestre desse ano em relação ao mesmo período de 2011, segundo o Serasa.

De outro lado a Confederação Nacional da Indústria (CNI) já trabalha considerando um PIB de 2,1% para 2012, o que há poucas semanas atrás era considerado ofensivo pelos dirigentes econômicos brasileiros, porém a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem durante a 9ª. Conferência Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente que uma grande nação não é medida pelo PIB.

Nessa quarta-feira, o presidente do Goldman Sachs Asset Management, Jim O’Neil, criador do termo “Bric” para designar inicialmente os países emergentes em franco crescimento: Brasil, Rússia, Índia e China, disse que a sigla poderia perder o “B” se a economia brasileira não acelerar em futuro próximo.