CHUVAS E DESTRUIÇÃO

Culpar o fenômeno El Niño pelas últimas chuvas, que resultaram em centenas
de mortes no País e milhares de mortes ao redor do mundo é um absurdo
descabido. A intensificação do fenômeno El Niño é conseqüência do
desequilíbrio ambiental e não a causa. As emissões gasosas descontroladas
fazem com que autênticas “trombas d’águas” sejam cada vez mais freqüentes,
assim como a ocupação irregular autorizada ou tolerada pelo governo são os
principais responsáveis pelas mortes. Por esses dias estamos sendo
castigados por chuvas torrenciais estando submerso por água e lama. Em
centros como São Paulo morre-se afogado e de sede ao mesmo tempo. Mesmo com
tantas chuvas, nossa capital está na eminência de racionamento de água. Não
existem reservatórios e redes de transmissão de água para todos. Esse é o
retrato da incompetência e irresponsabilidade do poder público em gerir a
ocupação urbana organizada e administrar os recursos hídricos. As últimas
chuvas foram responsáveis por centenas de mortes, milhares de desabrigados,
prejuízos incalculáveis, várias cidades em estado de emergência, encostas
desabando, rompimento de represas, congestionamentos monstruosos,
afogamentos, soterramentos, doenças, etc. Na cidade de Atibaia, choveu 250
milímetros numa só noite e cerca 350 milímetros no mês todo, quando a média
mensal deveria ser de 85 milímetros – cada milímetro de chuva equivale a 1
litro por metro quadrado. Uma quantidade brutal de água, 250 milhões de
litros por quilômetro quadrado. Em Atibaia choveu numa noite 70% da água de
todo mês, trazendo caos urbano, mortes e centenas de desabrigados, e é só um
dos muitos casos ocorridos. Nossa civilização necessita de cidades menos
concentradas e sem a impermeabilização por asfalto ou concreto. Há de se
desenvolver projetos urbanísticos que iniba a formação das megalópoles e
suas grandes ilhas de calor. Nossos representantes devem criar políticas
públicas de desenvolvimento urbano sustentável que diminuíam as emissões
gasosas e os resíduos urbanos, respeitando assim as áreas de mananciais e
as margens dos rios. Impossível? Espero que não, caso contrário a situação a
cada dia poderá piorar construindo autênticos infernos urbanos que irão do
deserto a inundação no mesmo dia. Outras civilização desapareceram por
questões muito próximas a essas como, por exemplo, os Maias.