BRETÕES ARREPENDIDOS

Ignorância, falta de bom senso, ansiedade, oposição pífia, preconceito e
impulsão levaram democraticamente uma quadrilha ao comando do Brasil
conservando-a por mais de uma década, usando o público em benefício
particular, assaltando cofres, traficando influência e acima de tudo,
construindo criminosamente sua permanência no poder. Como conseqüência o
Brasil aprofundou na maior depressão de sua história, tem um sistema
político obsoleto e putrefato com uma presidente em processo de impedimento,
assim como a conseqüente “judicialização” do Estado. Levaremos décadas para
resolver tudo isso. Recentemente, por conta de todos adjetivos que atribui
aos brasileiros, o povo Bretão decidiu democraticamente, em plebiscito sair
da União Européia, somente depois se assustaram com as conseqüências – a
quem queira rever a decisão. O desastre foi imediato com multinacionais
calculando demissões em massa, países revendo contratos e solicitando
imediata retirada do mercado comum, etc. Dentro do Reino Unido, o que nunca
foi bom tornou-se ainda pior. A Irlanda do Norte e a Escócia, mais uma vez,
reiniciam discussões sobre a permanência ou não no Reino. Agora é tarde, a
Grã-Bretanha, desligada da UE não tem nada a ganhar, mas muito a perder. Em
1946, logo após o fim da 2ª Guerra, Winston Churchill (1874-1965),
primeiro-ministro britânico de 1940 a 1945 e de 1951 a 1955, proferiu
célebre discurso na Universidade de Zurique, sendo ele o primeiro político
europeu que manifestou publicamente uma visão para uma unificação européia.
Na época a Europa vivia o drama dos resultados da 2ª Guerra Mundial
agonizando sob escombros de cidades destruídas, e o agravamento da vinda de
12 milhões de refugiados provenientes do leste europeu, assim como hoje com
outras premissas. Depois de 65 anos, com vários acordos e tratados
adicionais e, com diversas denominações, a União Européia (UE) tem 28 países
dos quais 19 têm o Euro como moeda comum. Por vezes os britânicos
sentiram-se descontentes com a UE, sempre exigindo isenções ou condições
especiais, como por exemplo desconto de 66% em suas contribuições líquidas,
em vigor até hoje. Nenhum país da UE goza de privilégio semelhante. Parece
que brasileiros e britânicos tem muito em comum, por exemplo, com disse
Fernando Henrique Cardoso em artigo ao Jornal Estado de São Paulo, “a falta
de bom senso”.