A TAXA DE CÂMBIO E SEUS EFEITOS

Neste ano estamos, até aqui, experimentado um comportamento quase estável no nível geral de preços e a inflação projetada para 2020, medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo fica ligeiramente abaixo de 2%.

Duas condicionantes podem, todavia, mudar a trajetória dessa curva e torná-la mais ascendente.

A primeira, a longa estiagem que já vem provocando aumento de preços dos alimentos, principalmente daqueles que fazem parte da base alimentar das famílias, diminuindo a capacidade de consumo de outros bens, pela perda de poder de compra. Trata-se de aumento de alguns bens de consumo que não exercem o efeito multiplicador de preços no mercado. Ruim, mas, menos mal.

A segunda, a Taxa de Câmbio – começamos o ano com o câmbio de US$ 1,00 = R$ 4,02 e estamos em R$ 5,37, com um aumento de 33,6%.

São muitas as implicações :- Todos os insumos (matérias-primas), componentes automobilísticos, defensivos agrícolas e outros bens utilizados nos processos produtivos internos, que importamos, estão 33,6% mais caros. Melhorando um pouco a economia, a tendência é que os reflexos relativos nos custos dos produtos sejam repassados ao mercado.

A nossa dívida externa convertida em reais, também sofreu esse aumento.

A remessa de lucro das multinacionais daqui, para as suas matrizes, chega lá com menos 33,6% em dólares, comparativamente a mesma remessa em reais, em janeiro deste ano.

Portanto, essa desvalorização cambial, que favorece os exportadores nacionais que recebem mais reais pelas suas exportações, no lado das importações provoca um efeito inflacionário no País.

Estando os alimentos exportados com preços melhores em reais, em função do câmbio, a tendência é que seus preços subam na mesma proporção internamente para equalizar o custo de oportunidade, provocando aumento da inflação.

Todavia, temos também outra vantagem: Como o Brasil detém cerca de US$ 340 bilhões de reservas internacionais, depositadas no exterior, em reais, elas valem mais 33,6%, o que representa ganhos expressivos para o Banco Central do Brasil, que , aliás, deve repassar parte desse lucro ao Tesouro Nacional.

Por fim, é importante sinalizar que essa volatilidade cambial não é salutar para a economia do País. Ela afasta a poupança externa; inibe novos investidores externos e prejudica a imagem internacional do Brasil.

MESSIAS MERCADANTE DE CASTRO é professor da Unianchieta e gestor de desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia da Prefeitura de Jundiaí.