A DISPARADA DO DOLAR

A alta do dólar e seus efeitos sobre a economia brasileira estão no centro
das preocupações do governo. O ministério da Fazenda e o Banco Central
montam ações combinadas para conter a sua escalada. A estratégia de atuar em
conjunto, deve ser mantida, mas a avaliação da equipe econômica é que ainda
é cedo para novas medidas, embora não estejam descartadas. Para o governo, a
preocupação principal é com o impacto do câmbio na inflação. No esforço para
enfrentar um dos momentos mais turbulentos desde a grande crise de 2009, o
Ministério da Fazenda e o Banco Central afinaram o discurso. Mas dentro da
equipe econômica, há técnicos que defendem que apenas o BC fale de câmbio no
Brasil, já que é órgão que opera no mercado e que tem a credibilidade menos
arranhada no governo. O BC pode usar dinheiro das reservas internacionais
para irrigar o mercado à vista de câmbio. Há ainda a possibilidade de
reduzir alíquotas de importação para insumos. Outras duas medidas são
polêmicas: aumentar compulsório sobre posição comprada dos bancos, ou seja,
penalizar a instituição que aposta na alta da moeda americana e a retirada
do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre capital de curto prazo
para atrair recursos especulativos. Técnicos acreditam que um aumento na
taxa básica de juro no Brasil é uma questão de tempo. Caso o Federal
Reserve, o Banco Central Americano eleve ainda mais os juros naquele país, o
Banco Central terá de promover um acréscimo na Selic de 2,5 ponto percentual
a 3,5 ponto percentual. Acredita-se que, se nada for feito, o dólar pode
atingir R$ 3,00 na virada do ano. Outro temor do governo é com o
represamento das tarifas de preços públicos. Evidente que todos os ajustes
deveriam ter sido feitos no primeiro trimestre deste ano. No comércio
exterior, a expectativa é positiva. A aposta é que a elevação da moeda
americana será sentida com mais intensidade já no início de 2019. O câmbio
atual deixa as exportações mais competitivas. Quanto ao setor industrial,
que em alguns segmentos tornou-se dependente das importações inviáveis nesse
momento, assistiremos a retomada de produtos outrora fabricados e hoje
importados. “Argentinalizamos” o setor industrial, agora teremos que pagar o
preço de sua reconstrução, em alguns casos de cadeias produtivas inteiras,
principalmente no setor de bens de capital. O populismo e imperícia do
governo federal criaram uma armadilha nos últimos três anos e hoje todos os
brasileiros estão dentro dela. Estima-se que levaremos uma década para nos
livrar de seus efeitos. Mais uma vez os brasileiros pagarão a conta com
aumento da inflação e consequentemente dos preços com mais desemprego.